“Todos os indivíduos têm potencial para ser criativos, mas só serão se quiserem”
(GARDNER)

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Nascido em Scranton, Pennsylvania, é um psicólogo cognitivo e educacional norte-americano, ligado à Universidade de Harvard e conhecido em especial pela sua teoria das inteligências múltiplas, que mostra que a inteligência é composta de pelo menos oito competências: lógico-matemática, lingüística, interpessoal, intrapessoal, corporal-cinestésica, musical, espacial e naturalista. Seu livro mais famoso é Frames of Mind, no qual ele delineou a maior parte destas suas dimensões da inteligência.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Entrevista pela Revista ÉPOCA



O autor da teoria das inteligências múltiplas, Howard Gardner, comenta as experiências realizadas no mundo com base em suas ideias

Ana Aranha
17/12/2009 - 17:07 - Atualizado em 18/12/2009 - 17:35


ÉPOCA – O senhor criou a teoria das inteligências múltiplas na década de 80. De lá para cá, como as escolas se adaptaram a ela?
Howard Gardner
– Criei a teoria como psicólogo, não como educador. Eu não tinha uma lista de coisas a fazer e não fazer. Isso veio de como as pessoas adaptaram a ideia, o que ocorreu de diferentes formas porque cada um tem um entendimento. Nos Estados Unidos, quando os pais ouvem sobre inteligências múltiplas, pensam logo em qual delas seu filho se destaca. Se ele não vai bem na escola, os pais lembram que é bom de relacionamento ou em arte. Na China, os pais leem as oito inteligências como oito coisas nas quais seu filho tem de ser bom. É uma aplicação totalmente diferente da mesma ideia.


ÉPOCA – Como essas ideias mudaram o jeito de ensinar?
Gardner
– A primeira mudança é individualizar. Em vez de ensinar todas as pessoas da mesma forma, você procura saber como cada pessoa aprende para ensinar de modo que ela entenda. Muitos alunos ricos já têm isso porque, quando estão com dificuldade, seus pais contratam um professor particular. No futuro, com computadores, será possível individualizar para todos. A segunda mudança é diversificar: ensinar a mesma coisa de diferentes formas. Em vez de o professor escolher entre uma aula, um livro e um filme, ele apresenta todas essas maneiras. Isso alcança mais crianças e estimula mais conexões de neurônios.


ÉPOCA – Onde as mudanças aconteceram?
Gardner
– Há centenas de escolas pelo mundo que se autointitulam “escolas das inteligências múltiplas”. Há até aquelas que se autointitulam “escolas Howard Gardner”. O interessante é que nenhuma delas é igual à outra, cada uma aplica a teoria de um jeito diferente. E eu gosto disso. Se o ministro da Educação do Brasil me dissesse que quer fazer um programa de inteligências múltiplas para todos, eu diria que é um erro. Recomendaria procurar atividades diferentes para cada local. Mas ministros não gostam de ouvir isso, eles querem um programa que possa ser aplicado amanhã em 10 mil escolas. Homogeneizar não funciona em países grandes como Estados Unidos e Brasil. Talvez em Cingapura, que tem uma rede pequena. Ou em lugares onde nada é feito. Aí qualquer coisa é melhor que nada.

ÉPOCA – Como começa essa mudança? Com uma reforma curricular?
Gardner
– Eu nunca penso na mudança pelo sistema. O único modo é pelos professores. Começa com quem escolhe a profissão, como é formado e o suporte que tem quando vai para a escola. A mudança só acontece se os professores entenderem as inteligências e souberem como adaptá- -las a cada um de seus alunos. Se ele nunca pensou sobre a diferença entre entender o funcionamento de uma sociedade antiga e decorar o nome de um rei, não fará diferença mudar o currículo de sua escola. Mas, se ele entender, muda o modo de se relacionar com os alunos e com a equipe. Primeiro, ele para de perguntar coisas cujas respostas estão na internet. Depois, começa a pensar em um jeito de avaliar se os alunos sabem interpretar achados científicos. Isso influencia o método pedagógico, as avaliações e até o currículo.


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

As Inteligências Múltiplas

Para você entender o que são Inteligências Múltiplas, vamos primeiro entender qual o significado da palavra “inteligência”.
Nos dicionários da Língua Portuguesa, “inteligência” significa: capacidade de resolver situações novas com rapidez e êxito e, bem assim, de aprender, para que essas situações possam ser bem resolvidas. Assim podemos dizer que inteligência é a manifestação do ser humano no ambiente exterior, social, ordenada socialmente, regrada. Quando o ser humano precisa se fazer entender pelo outro ele realiza ações ordenadas, ou seja, inteligentes.
A inteligência é uma manifestação humana, que entendida por outra pessoa, pode ser qualquer produção que ganhe, contornos éticos e estéticos. Não importa se a manifestação se faça por palavras, por gestos, escritos ou
mesmo, internamente, por pensamentos.
O autor da Teoria das Inteligências Múltiplas, Dr.Howard Gardner, a conceitua como : um potencial biopsicológico para processar informações que pode ser ativado num cenário cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados numa cultura (2003).
A teoria das inteligências múltiplas trata das potencialidades humanas. Ela foi concebida como uma explicação da cognição humana, que pode ser submetida a testes empíricos e definiu inteligência como “a capacidade de resolver problemas ou de elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes comunitários.” Essa definição dada por Gardner em 1982, aproxima-se muito do que considera a própria essência da criatividade.


Veja agora são as inteligências múltiplas de Howard Gardner

Gardner identificou as inteligências lingüística, lógico-matemática,espacial, musical, cinestésica, interpessoal e intrapessoal. Segundo ele, os seres humanos dispõem de graus variados de cada uma das inteligências e maneiras
diferentes com que elas se combinam e organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para resolver problemas e criar produtos. O Autor deixa claro que, embora estas inteligências sejam, até certo ponto, independentes uma das outras, raramente funcionam de maneira isolada.

Lógico-matemática - é a inteligência que determina a habilidade para raciocínio dedutivo,em sistemas matemáticos, em noções de quantidade, além da capacidade para solucionar problemas envolvendo números e demais
elementos matemáticos. É a competência mais diretamente associada ao pensamento cientifico, portanto, à idéias tradicional de inteligência. É uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. Essa é a inteligência quem tem presença muito forte em matemáticos, engenheiros,
bancários, contadores entre outros.



Características:
• facilidade para detalhes e análises;
• sistemáticas no pensamento e no comportamento;
• prefere abordar os problemas por etapas (passo a passo);
• discernimento de padrões e relações entre objetos e números.


Lingüística - manifesta-se na habilidade para lidar criativamente com as palavras nos diferentes níveis da linguagem (semântica, sintaxe). Particularmente notável nos poetas e escritores, é desenvolvida também por oradores, jornalistas, publicitários e vendedores, por exemplo. É a habilidade para usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir idéias.Nas crianças, esta habilidade se manifesta através da capacidade para contar histórias originais ou para relatar, com precisão, experiências vividas.
Tem presença forte em oradores, escritores, poetas, jornalistas, redatores publicitários e vendedores.



Características:
• habilidade de expressão;
• facilidade para se comunicar;
• aprecia a leitura;
• possui amplo vocabulário;
• competência para debates;
• transmite informações complexas com facilidade;
• absorve informações verbais rapidamente.


Inteligência musical - Esta inteligência se manifesta habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma discriminação de sons, habilidade para perceber sensibilidade para ritmos, timbre, e habilidade reproduzir música. É a inteligência que permite a alguém de maneira criativa, a partir da discriminação de timbres e temas. As pessoas dotadas desse geralmente não precisam de aprendizado formal. Músicos, compositores e dançarinos são exemplos dessa
inteligência.




Características:
• bom senso de ritmo;
• identificação com sons e instrumentos musicais;
• a música evoca emoções e imagens;
• boa memória musical.



Inteligência espacial - é a capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa, de manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções, criar e compor uma representação visual ou espacial. A
habilidade para pensar em figuras, para perceber o mundo visual mais exatamente e recriá-lo ou alterá-lo na mente ou no papel.Ela é especialmente desenvolvida, por exemplo, em arquitetos, navegadores, pilotos, cirurgiões, engenheiros e escultores.




Características
• sua percepção do mundo é multi-dimensional;
• facilidade para distinguir objetos no espaço;
• bom senso de orientação;
• prefere a linguagem visual à verbal.



Inteligência cinestésica ou corporal-cinestésica - se refere à habilidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo. É a habilidade para usar a coordenação no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com destreza. é a inteligência que se revela como uma especial habilidade para utilizar o próprios corpo de diversas maneiras. Encontrada mais fortemente em atletas, dançarinos, malabaristas educadores físicos e atores.



Características
• boa mobilidade física;
• prefere aprender “fazendo”;
• prefere trabalhos manuais;
• facilidade para atividades como dança e esportes corporais.

Inteligência interpessoal – pode ser descrita como uma habilidade pare entender e responder adequadamente a temperamentos motivações e desejos de outras pessoas. é a capacidade de uma pessoa dar-se bem com as demais, compreendendo-as, percebendo suas motivações e sabendo como satisfazer suas expectativas emocionais. Esse tipo de inteligência ressalta nos indivíduos de fácil relacionamento pessoal, como lideres de grupos, políticos, terapeutas,
professores e vendedores.




Características:
• facilidade para comunicação;
• aprecia a companhia de outras pessoas;
• prefere esportes em equipe.


Inteligência intrapessoal - é a competência de uma pessoa para conhecer-se e estar bem consigo mesma. Administrando seus sentimentos e emoções a favor de seus projetos. Enfim, é a capacidade de formar um modelo real de si e utilizá-lo para se conduzir proveitosamente na vida, característica dosindivíduos "bem resolvidos", como se diz na linguagem popular. Esta inteligência é o correlativo interno da inteligência interpessoal, isto é, a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e idéias, para discriminá-los e lançar mão deles na solução de problemas pessoais.Como esta inteligência é a mais pessoal de todas, ela só é observável através dos sistemas simbólicos das outras inteligências, ou seja, através de manifestações lingüisticas, musicais ou
cinestésicas. Alguns romancistas e consultores usam esta experiência para guiar os outros.



Características:
• reflexiva e introspectiva;
• capaz de pensamentos independentes;
• autodesenvolvimento e auto-realização.

É importante ressaltar que GARDNER (2001) ainda explica que as inteligências não são objetos que podem ser contados, e sim, potenciais que poderão ser ou não ativados, dependendo dos valores de uma cultura específica, das oportunidades disponíveis nessa cultura e das decisões pessoais tomadas por indivíduos e/ou suas famílias, seus professores e outros.
Curiosamente, Gardner não inclui nas inteligências múltiplas, uma “inteligência criativa”. Isso provavelmente se deve à sua crença e de muitos outros pesquisadores, de que a criatividade permeia todo pensamento humano.Nas palavras de Moran (1994):

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Entrevista a Howard Gardner


"Os educadores devem conhecer cada um de seus alunos e ensiná-los da maneira que eles melhor poderão aprender"

Howard Gardner, que se dedica a estudar a forma como o pensamento se organiza, balançou as bases da Educação ao defender, em 1984, que a inteligência não pode ser medida só pelo raciocínio lógico-matemático, geralmente o mais valorizado na escola. Segundo o psicólogo norte-americano, havia outros tipos de inteligência: musical, espacial, lingüística, interpessoal, intrapessoal, corporal, naturalista e existencial. A Teoria das Inteligências Múltiplas atraiu a atenção dos professores, o que fez com que ele se aproximasse mais do mundo educacional.
Hoje, Howard Gardner tem um novo foco de pensamento, organizado no que chama de cinco mentes para o futuro, em que a ética se destaca. "Não basta ao homem ser inteligente. Mais do que tudo, é preciso ter caráter", diz, citando o filósofo norte-americano Ralph Waldo Emerson (1803-1882). E emenda: "O planeta não vai ser salvo por quem tira notas altas nas provas, mas por aqueles que se importam com ele". Além de lecionar na Universidade de Harvard e na Boston School of Medicine, ele integra o grupo de pesquisa Good Work Project, que defende o comportamento ético. Esse trabalho e o impacto de suas idéias na Educação são temas desta entrevista concedida à Nova Escola em Curitiba, onde esteve em agosto, ministrando palestras para promover o livro Multiple Intelligences Around the World (Inteligências Múltiplas ao Redor do Mundo) ainda não editado no Brasil

1. A Teoria das inteligências múltiplas causou impacto na Educação. Após 25 anos, o que mudou?
Howard Gardner: Durante centenas de anos, os psicólogos seguiam uma teoria: se você é inteligente, é assim para tudo. Se é mediano, se comporta dessa maneira todo o tempo. E, se você é burro, é burro sempre. Dizia-se que a inteligência era determinada pela genética e que era possível indicar quão inteligente é uma pessoa submetendo-a a testes. Minha teoria vai na contramão disso. Se você me pergunta se minhas ideias tiveram impacto significativo, eu digo que não. Não há escolas e cursos Gardner, mas pessoas que ouvem falar dessas coisas e tentam usá-las.

2. As escolas têm dificuldades em acompanhar mudanças assim?
Howard Gardner: As instituições de ensino mudam lentamente e estão preparando jovens para os séculos 19 e 20. Além disso, os docentes lecionam do modo como foram ensinados. Mesmo que sejam expostos a novos conhecimentos, é preciso que eles queiram aprender a usá-los. Se isso não ocorre, nada muda.

3. Como sua teoria pode ser incorporada às propostas pedagógicas?
Howard Gardner: No livro Multiple Intelligences Around the World, lançado este ano, diversos autores descrevem como implementaram minhas idéias. Enfatizo duas delas: a primeira é a individualização. Os educadores devem conhecer ao máximo cada um de seus alunos e, assim, ensiná-los da maneira que eles melhor poderão aprender. A segunda é a pluralização. Isso significa que é necessário ensinar o que é importante de várias maneiras - histórias, debates, jogos, filmes, diagramas ou exercícios práticos.

4. Como fazer a individualização numa sala com 40 estudantes?
Howard Gardner: Realmente é mais fácil individualizar o ensino numa sala com dez crianças e em instituições ricas. Mas, mesmo sem essas condições ideais, é possível: basta organizar grupos formados por aqueles que têm habilidades complementares e ensinar de modos diferentes. Se o professor entende a teoria, consegue lançar mão de outras formas de trabalhar - como explorar o que há no entorno da escola. Se ele acredita que só com equipamentos caros vai conseguir bons resultados em sala de aula, não entendeu a essência do pensamento.

5. A lista de conteúdos está cada vez maior. Como dar conta de variar a metodologia?
Howard Gardner: É um erro enorme acreditar que por termos mais a aprender, necessitamos ensinar mais. A questão central é que várias coisas que antes tinham de ser memorizadas agora estão facilmente disponíveis para pesquisa. Colocar uma quantidade cada vez maior de informação na cabeça da garotada é um desastre. Infelizmente, essa é uma prática comum em diversos cantos do mundo. Depois de viajar muito, posso afirmar que o interesse de diversos ministros da Educação é apenas fazer com que seu país se saia bem nos testes internacionais de avaliação. E isso é ridículo.

6. Qual a sua avaliação sobra a Educação brasileira?
Howard Gardner: Acredito que, se o Brasil quer ser uma força importante no século 21, tem de buscar uma forma de educar que tenha mais a ver com seu povo, e não apenas imitar experiências de fora, como as dos Estados Unidos e da Europa. O país precisa se olhar no espelho, em vez de ficar olhando a bússola.

7. Sua teria inclui um método adequado de avaliá-la?
Howard Gardner: Gastamos bilhões de dólares desenvolvendo testes para medir o nível em que está a Educação, mas eles, por si só, não ajudam a aprimorá-la - simplesmente nos dizem quem está melhor ou pior. Para saber isso, basta olhar para as notas. A diferença dos testes de inteligências múltiplas é que é necessário aplicá-los somente naqueles que têm dificuldades. Assim, podemos verificar as formas de ensinar mais adequadas a eles, ajudando todos - e a Educação, de fato.

8. Os testes de QI sofreram muitas críticas de sua parte. Por quê?
Howard Gardner: A maior parte dos testes mede a inteligência lógica e de linguagem. Quem é bom nas duas é bom aluno. Enquanto estiver na escola, pensará que é inteligente. Porém, se decidir dar um passeio pela cidade, rapidamente descobrirá que outras habilidades fazem falta, como a espacial e a intrapessoal - a capacidade que cada um tem de conhecer a si mesmo, fundamental hoje.

9. De que forma essa habilidade pode ser determinante para o sucesso?
Howard Gardner: Ela não era importante no passado porque apenas repetíamos o comportamento dos nossos pais. Agora, todos nós necessitamos tomar decisões sobre onde morar, que carreira seguir e se é hora de casar e de ter uma família. E quem não tem um entendimento de si mesmo comete um erro atrás do outro.

10. Qual o desafio do mundo para os próximos anos em relação à Educação?
Howard Gardner: Estamos vivendo três poderosas revoluções.

-Uma delas é a globalização. As pessoas trabalham em empresas multinacionais e mudam de país, o que é bem diferente de quando as populações não tinham contato umas com as outras.

-A segunda revolução é a biológica. Todos os dias, o conhecimento científico se aprimora e isso afeta a maneira de ensinar e de aprender. O cérebro das crianças poderá ser fotografado no momento em que estiver funcionando, permitindo detectar onde estão os pontos fortes e os fracos e a melhor forma de aprender.

-A terceira revolução é a digital, que envolve realidade virtual, programas de mensagens instantâneas e redes sociais. Tudo isso vai interferir na forma de pensar a Educação no futuro.

11. O livro Cinco Mentes para o futuro aborda as características essenciais a ser desenvolvidas pelos humanos. Como isso se relaciona com as inteligências múltiplas?
Howard Gardner: As cinco mentes não estão conectadas com as inteligências e são possibilidades que devemos nutrir. A primeira é a mente disciplinada - se queremos ser bons em algo, temos de nos esforçar todos os dias. Isso costuma ser difícil para os jovens, que mudam rapidamente de uma tarefa para outra. Essa mente pressupõe ainda a necessidade de compreender as formas de raciocínio que desenvolvemos: histórica, matemática, artística e científica. O problema é que muitas escolas ensinam somente fatos e informações.

12. Como lidar com o excesso de informações a que temos acesso hoje?
Howard Gardner: Essa capacidade é dominada por um segundo tipo de mente, a sintetizadora. Ela nos aponta em que prestar atenção e como os dados podem ser combinados. É preciso ter critério para fazer julgamentos e saber como comunicar-se de forma sintética. Para os educadores, era mais fácil sintetizar quando usavam-se apenas um ou dois livros.

13. Qual é o terceiro tipo de mente?
Howard Gardner: A criativa. Ela levanta novas questões, cria soluções e é inovadora. Pessoas desse tipo gostam de se arriscar e não se importam de errar e tentar de novo. Essa é a mente que pensa fora da caixa. Mas você só consegue isso quando tem uma caixa: disciplina e síntese. Por isso, o conselho que dou é dominar a disciplina na juventude para ter mais tempo de ser criativo.

14. O livro aponta também habilidades associadas a virtudes morais.
Howard Gardner: Uma delas envolve o respeito - e é mais fácil explicar a mente respeitosa do que alcançá-la. Ela começa com o reconhecimento de que cada ser humano é único e, por isso, tem crenças e valores diferentes. A questão é o que fazemos com essa conclusão. Nós podemos matar e discriminar os diferentes ou tentar entendê-los e cooperar com eles. Desde que nascem, os humanos percebem se vivem em um ambiente respeitoso. Observam como os pais se relacionam e tratam os filhos, como os mestres interagem com os colegas e com os estudantes e assim por diante. O respeito está na superfície.

15. Essa última habilidade se relaciona à ética, certo?
Howard Gardner: Sim. No que se refere à ética, é necessário imaginar-se com múltiplos papéis: ser humano, profissional e cidadão do mundo. O que fazemos não afeta uma rua, mas o planeta. Temos de pensar nos nossos direitos, mas também nas responsabilidades. O mais difícil com relação à ética é fazer a coisa certa mesmo quando essa atitude não atende aos nossos interesses. Ao resumir esses dois últimos tipos de mente, eu diria que pessoas que têm atitudes éticas merecem respeito. O problema é que muitas vezes respeitamos alguém só pelo dinheiro ou pela fama. O mundo certamente seria melhor se dirigíssemos nosso respeito às pessoas extremamente éticas.

16. O ideal é que as cinco mentes sejam desenvolvidas?
Howard Gardner: Sim. No entanto, elas não se adaptam umas às outras de forma fácil. Sempre haverá tensão entre a disciplina e a criatividade e entre o respeito e a ética. Cabe a você respeitar colegas e superiores, mas, se eles fizerem algo errado, como agir? Ignorar o fato ou confrontá-los? Saber conciliar os diferentes tipos de mente é um desafio para a inteligência intrapessoal. Só você pode se entender e achar seu caminho.

17. Um dos focos de sua atuação, o projeto Good Work, prevê a formação dos bons trabalhadores. Como eles podem ser identificados?
Howard Gardner: Eles possuem excelência técnica, são altamente disciplinados, engajados e envolvidos e gostam do que fazem. Além disso, também são éticos. Estão sempre se questionando sobre que atitudes tomar, levando em conta a moral e a responsabilidade e não o que interessa para o bolso deles. O bom cidadão se envolve nas decisões, participa, conhece as regras e as leis: isso é excelência. Por último, não tenta se beneficiar à custa disso. Há pessoas bem informadas que só promovem o próprio interesse. O bom cidadão não pergunta o que é bom para ele, mas para o país.

Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/entrevista-howard-gardner-509064.shtml

História de Gardner

Em 1938 seus pais fugiram da perseguição aos judeus na Alemanha nazista, com seu irmão mais velho Eric, falecido após o nascimento de Howard. Aos 13 anos de idade ele tornou-se um excelente pianista. Howard Gardner entra na Universidade de Harvard em 1961 com a intenção de se formar em história. Mas sob a influência de Erik Erikson ele se interessa em relações sociais, uma combinação de psicologia, sociologia e antropologia, com particular interesse em psicologia clínica. Ele novamente troca seu campo de interesse após conhecer o psicólogo cognitivo Jerome Bruner e os escritos de Jean Piaget. Depois de terminar seu doutorado em Harvard em 1971, com uma dissertação em sensibilidade de estilo em crianças, continuou a trabalhar nesta universidade, estabelecendo com Nelson Goodman um grupo de pesquisa em educação pela arte conhecido como Project Zero. Fundado em 1967, este projeto se concentra no estudo sistemático do pensamento artístico e da criatividade em arte assim como em disciplinas da área humana e científica em nível individual e institucional.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Howard_Gardner

sábado, 16 de janeiro de 2010

Teoria das inteligências múltiplas


Questionando as teorias cognitivas atuais Howard Gardner apresenta sua teoria das inteligências múltiplas. Parte do pressuposto da existência de pelo menos sete tipos de inteligências, a saber: A inteligência lingüística, a musical, a lógico-matemática, a espacial, a corporal-cinestésica e as pessoais (intrapessoal e interpessoal). Juntando elementos teóricos da neurologia e da psicologia cognitiva Gardner critica a presunção dos testes de QI (Quociente de Inteligência) na medição da inteligência, tendo em vista que os testes são restritos em sua abrangência focando somente o conhecimento lingüístico e lógico-matemático e com formato baseado em uma cultura ocidental não respeitando as demais. O autor compara a utilização e valoração destas inteligências nas mais diversas culturas, traça uma relação de cada inteligência com áreas específicas do cérebro, exemplifica como a cultura impacta no desenvolvimento de cada inteligência no indivíduo e, por fim ainda tece comentários sobre a criação e implementação de um projeto pedagógico baseado neste conceito de inteligências múltiplas. Transcorrendo pela história da educação, entre outras coisas, o autor destaca a ênfase dada a algumas inteligências. Como na educação medieval e na corânica (ensino islâmico baseado no Corão) a evidência é para as habilidades lingüísticas e para inteligências pessoais sobre tudo a interpessoal tendo em vista que o foco é a memorização de textos “sagrados” e a explanação dos mesmos. Principalmente com o rompimento da igreja com o Estado vê-se uma proeminência de estudos da inteligência lógico-matemática, e a intrapessoal (pessoais) principalmente nos países ocidentais. Mesmo a Grécia que tanto primava pelo desenvolvimento intelectual conjuntamente com o físico ou corporal-cenestésico este último unido a inteligência espacial tem sido mais explorada por culturas não ocidentais. O que é importante ressaltar é que a teoria das inteligências múltiplas deu um grande avanço no pensamento restrito e até preconceituoso que havia até o momento no quesito inteligência humana e que existem vários tipos de inteligências que além de variarem de cultura para cultura cada indivíduo tem sua particularidade e inteligências mais desenvolvidas que outras. Podemos e devemos desenvolver cada uma delas e principalmente focar naquela que nos proporciona maior prazer e temos aptidão para que sejamos bem sucedidos.

Fonte: http://pt.shvoong.com/books/415446-estruturas-da-mente-teoria-das/